terça-feira, 23 de maio de 2017

RESOLUÇÃO



Mais Salário, Recuperar o Poder de Compra

O conjunto de medidas impostas nos últimos anos contra os direitos e os rendimentos auferidos pelos trabalhadores e pensionistas da Administração Pública Central e Local fizeram recuar o poder de compra ao nível de 1997.
Actualmente, a realidade é que apesar dos cortes salariais já terem sido eliminados em 2016, o salário líquido em 2017, continua a ser inferior ao auferido em 2010, ou seja, antes da imposição dos cortes, o que mostra bem o peso das medidas que foram impostas.
Esta brutal desvalorização salarial atinge com particular gravidade os trabalhadores da Administração Local, considerando que na sua esmagadora maioria, cerca de 76%, não beneficiaram de qualquer reposição salarial e que 49,2% dos trabalhadores (Assistentes operacionais/operários/auxiliares), têm como remuneração base média mensal bruta €637,30 e como ganho médio mensal bruto, €777,80 (Outubro 2016). Também os trabalhadores do sector Empresarial Local e os profissionais das Associações de Bombeiros viram bloqueada a contratação colectiva e os salários, tendo sido particularmente atingidos na degradação do seu poder de compra.
Tendo em conta que estes valores são médias e remunerações brutas, facilmente se conclui que o rendimento disponível de cada trabalhador é claramente insuficiente para uma vida com dignidade.


Nota Imprensa / N.º 13 – Maio 2017


 RESOLUÇÃO 


STAL SAÚDA DECISÃO DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE MAFRA


Gestão pública da água é a única solução
O STAL saúda a aprovação pela Assembleia Municipal de Mafra, sexta-feira,19, da decisão que autoriza o município a resgatar a concessão a privados do abastecimento de água à população, fazendo regressar este serviço público essencial à gestão municipal.
A decisão, aprovada pelo PSD, PS, CDS-PP, com a abstenção da CDU, que responsabilizou o PSD pela privatização e pelas suas gravosas consequências, implica o pagamento à concessionária privada, a chinesa BeWater, de uma indemnização calculada pela autarquia em 16 milhões de euros, sendo que o privado exige 50 milhões.
Para pagar a indemnização e restabelecer os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, a Câmara irá contrair um empréstimo bancário no valor de 22 milhões de euros.
Para o STAL, é particularmente simbólico que a primeira remunicipalização em Portugal ocorra no mesmo município, e pela mão da mesma força política (PSD), que inaugurou o processo de privatização da água.
Esta remunicipalização desmente a apregoada superioridade da gestão privada e confirma a verdadeira natureza da privatização: os privados embolsam chorudos lucros, os municípios e as populações pagam a factura.
Confirma também que, para evitar as graves consequências da privatização e o pagamento de indemnizações milionárias, estes serviços essenciais nunca deviam ter saído da esfera pública.
Por tudo isto, o STAL continua a reafirmar a necessidade de uma lei que impeça a privatização destes serviços essenciais, seja sob que forma for, e a exigir a reversão das concessões, designadamente dos contratos abusivos e já declarados ilegais pelo Tribunal de Contas.

Melhor serviço público
 com trabalhadores dignificados

Com a decisão da A.M. de Mafra, a Bewater tem agora um ano para entregar a concessão e as instalações e equipamentos que reverterão para a Câmara.
Relativamente aos trabalhadores, é inequívoco que a Câmara terá de admitir os funcionários da Bewater nos Serviços de Municipalizados de Água e Saneamento cujos direitos têm de ser plenamente salvaguardados.
Segundo o município, as tarifas serão reduzidas em cinco por cento e os investimentos serão de 18 milhões de euros, em vez dos 12 milhões que o privado tinha previsto investir na renovação da rede de água e saneamento.
Recorde-se que desde a privatização, e em particular nos últimos anos, a factura da água e saneamento tornou-se cada vez mais insuportável para a generalidade da população.
Desde 2012, os consumos de água e o caudal de águas residuais tratadas passaram a ser inferiores aos valores contratualizados com a BeWater, motivo pelo qual a empresa exigia à Câmara Municipal uma compensação de 19 milhões de euros em 2016 ou de 46 milhões de euros em 2025 (no final do contrato).

Para cobrir essa compensação, a autarquia deveria autorizar um aumento médio das tarifas de 30 por cento, agravamento, como reconhece o executivo camarário, poria em causa o direito à água e ao saneamento.
Perante a insustentabilidade da privatização, o processo de reversão tornou-se inevitável, mas esta medida, como se comprova, tem elevados custos financeiros que terão de ser pagos por todos os munícipes, pelo que esta decisão não pode apagar as responsabilidades políticas de como se chegou aqui.
Como o STAL sempre afirmou, e este caso confirma, a privatização da água é uma decisão politicamente ilegítima, socialmente injusta e economicamente errada que lesa gravemente o interesse do município, das populações e dos trabalhadores.
A sua reversão em Mafra pode e deve constituir uma oportunidade para construir serviços públicos de qualidade, ao serviço das populações e respeitadores de quem trabalha.

Lisboa, 22 de Maio de 2017
A Direcção Nacional do STAL